Vamos entender um pouquinho a fisiologia do sono:
Quando estamos em vigília, funcionamos prioritariamente em Beta, nosso navegador para a vida do dia a dia. Em nosso cotidiano, a aceleração indevida desta atividade neurológica leva a um padrão qualificado como Fast Beta, especialmente nas áreas motoras. Esta aceleração leva a quadros de agitação, inquietação e ansiedade, especialmente se for encontrado nas áreas motoras e no lobo fontral do hemisfério direito. Se, neste caso, esta aceleração se acentuar, pode levar a quadros de pânico. Tudo isso é facilitado pelo excesso de demandas e expectativas que trazemos em nossas vidas que, com a tecnologia e a internet, faz com que continuemos "plugados".
Assim, chega a hora de dormir, e sentimos aquela sonolência característica. Neste momento, nosso cérebro começa a produzir ondas Alpha, que vão relaxando o corpo. Já aqui, o insone tem problemas em produzir estas ondas em quantidade suficiente, especialmente nas áreas dos lobos parietais e occipitais, na parte posterior da cabeça. Em vez disso, justamente devido ao padrão de aceleração presente nas áreas motoras, que ditam o ritmo nas demais áreas, o cérebro do insone produz ondas Fast Beta, que impedem seu relaxamento e o fazem buscar algo sobre o que se debruçar até que o cansaço físico vença esta batalha, o que pode durar horas, até que a pessoa, literalmente, apaga por exaustão. No caso de a pessoa "virar a noite", o que pode se tornar cada vez mais frequente, esse hábito ocorre à custa de sua saúde e depleta suas reservas e sua imunologia.
Sem Alpha, é muito difícil adentrar nos outros estágios que caracterizam a arquitetura do sono. E, nos casos em que, quase que num ato heroico, o cérebro do insone ultrapassa este estágio, dificilmente conseguirá ciclar nos níveis mais profundos, especialmente em Delta, frequência responsável pela recuperação orgânica do corpo. Assim, quando muito, o sono destas pessoas não vai além de Theta e do chamado sono paradoxal, ou REM, quando sonhamos.
A prova de que não ciclamos em Delta está na maneira como acordamos, no dia seguinte. Em vez de um sono reparador, acordamos com uma sensação de cansaço, como se mal tivéssemos dormido e precisamos, mesmo, de outra noite de sono. Passamos o dia, então, literalmente nos arrastando, com nossas capacidades cognitivas de atenção, concentração e memória completamente comprometidas.
Mas, além destas coisas, há outros fatores no cérebro, que também sofrem com nossa vida moderna:
O primeiro deles está em nosso sistema nervoso autônomo, composto por duas partes, o simpático e o parassimpático. O excesso de atividades gerado pela correria do dia a dia faz com que o sistema nervoso simpático, responsável pela ativação dos sistemas neurológicos, entre em atividade majorada e nela fique, como a marcha de um carro engripada. Já o sistema nervoso parassimpático, responsável pela resposta de relaxamento, fica inibido e não consegue equilibrar o jogo de forças com o simpático.
Fora isso, adotamos cada vez mais hábitos notívagos, o que faz com que desrespeitemos, ainda mais, nosso ciclo circadiano de vigília e sono. Com o excesso de luminosidade à noite, que chega ao cúmulo de encontrarmos, não raro, pessoas que dormem com a luz acesa ou com a televisão ligada, há a inibição da atividade da glândula pineal, responsável pela produção de serotonina, melanina e melatonina. Vemos aí que há a carência de produção de substâncias cuja carência leva a quadros, respectivamente, de depressão, maior predisposição ao câncer de pele e, finalmente, insônia, já que é a melatonina que permite ao cérebro realizar sua viagem ao sono profundo e reparador. Além disso, e justamente por não ciclar em Delta, o insone, entre outras coias, acaba por produzir quantidade muito menor de GH, o hormônio do crescimento, que é produzido pela pituitária, justamente durante o sono profundo, o que contribui par os cada vez mais frequentes casos de obesidade na população.
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Moral da história: quer ter saúde e um sono reparador? Mude sua alimentação, desligue o computador, a TV e, principalmente, a luz!